Se engana quem pensa que diversificar carteira é apenas investir em diferentes ativos da bolsa de valores. Falar em diversificação é ir além disso. Envolve identificar oportunidades e agarrá-las no momento certo, para colher os frutos no futuro.
As relações comerciais têm se tornado cada dia mais digitais. Para se ter uma ideia, em 2020, de acordo com levantamento do The Global Payments Report, apenas 35% das operações foram feitas com cédulas de dinheiro. Os cartões são as principais ferramentas de circulação de valores, o que deve ser impulsionado pelo surgimento e popularização de novas criptomoedas e moedas digitais.
Neste artigo você vai entender como essas mudanças afetam seu patrimônio e descobrir o caminho para trazer mais segurança ao seu portfólio por meio das criptomoedas.
Vale a pena apostar em criptomoedas para diversificar a carteira?
O Bitcoin tem se mostrado uma moeda volátil. Quando ela está em alta, é assunto de noticiários e das rodas de investimento, mas é quando seu preço cai que os investidores devem dar mais atenção. Entender o comportamento dos ativos é o primeiro passo para saber aproveitá-los a seu favor.
Sendo assim, é importante destacar que quando se tem uma carteira diversificada, é possível aproveitar a valorização dos ativos e sofrer menos com o impacto das baixas. Diversidade é sinônimo de proteção. No longo prazo, o resultado é uma rentabilidade aumentada em relação a carteiras mais uniformes.
As criptomoedas mantêm um desempenho que não tem correlação com outros ativos já tradicionais, como metais preciosos, ações ou produtos de renda fixa. Ou seja, as variáveis que impactam o mercado tradicional não necessariamente atingem as cripto, e vice versa. Um casamento ideal para assegurar um equilíbrio estratégico na carteira como um todo.
Na hora de escolher, uma boa estratégia pode ser optar pelo peso, percentualmente, dos ativos. Para além do Bitcoin, há outras opções relevantes, como Ethereum, ChainLink, ThorChain, Cardano, entre outras.
Por seu caráter relativamente recente e ainda pouco divulgado, muitos investidores têm receio e associam as criptomoedas a um risco, muitas vezes, exacerbado. Por isso vale a pena conhecer o histórico e funcionamento dessa alternativa financeira.
Surgimento de criptomoedas
Apesar da maior fama que alcançou, o Bitcoin não foi a primeira moeda digital criada. Ainda no ano de 1998, Wei Dai criou o B-money, uma moeda digital que oferecia, já naquela época, a possibilidade de trocas anônimas entre usuários sem que houvesse um intermediário. Sua criação trouxe a necessidade de trabalho computacional, permitia as transações anônimas criptografadas e recompensava os responsáveis em verificar as transações, além de trazer os conceitos de chave pública e chave privada. Essas características ainda podem ser notadas nas moedas digitais mais modernas, como o próprio Bitcoin.
O Bit Gold, também criado no ano de 1998 por Nick Szabo, trouxe outra característica pioneira: os conceitos da prova de trabalho (proof of work) para manter a sustentabilidade e incentivo do sistema. Neste caso, os mineradores teriam poder de voto proporcional à capacidade de processamento, permitindo que opinassem sobre atualizações do sistema, correção de falhas e aprimoramentos. Szabo propôs uma solução de problemas dentro da criptografia.
Os conceitos agregados por Szabo, apesar de inovadores, no sentido de descentralizar decisões e gerar maior interação na comunidade, apresentou algumas falhas. Isso porque não houve grande quantidade de adeptos que confiassem na metodologia, além de o sistema de remunerações ser alvo de dúvidas, gerando desconfiança entre os programadores. Existia, ainda, uma preocupação em relação à clonagem de moedas.
O marco de funcionamento do Bitcoin foi no dia 03 de janeiro de 2009, quando sua primeira transação foi transmitida por Nakamoto de maneira on-line e registrada no primeiro bloco da blockchain, intitulado com Bloco Gênesis. O Bitcoin é uma moeda digital gerada por meio de um protocolo de um programa de computador de código aberto. O sistema é independente de qualquer agente intermediário e opera através de uma rede ponto a ponto. Tal complexo possibilita a troca de dados de forma direta entre os usuários, distribuindo esforços sem a necessidade de um servidor central.
Ao contrário das transações com moeda física, as realizadas com criptomoedas são completamente digitais, irreversíveis e baseadas em transferência da informação digital (bits), diretamente de um usuário para o outro. Isso é feito por um sistema de criptografia, composto por uma chave pública, que é compartilhada com todos, e uma chave privada, utilizada para validar a transferência monetária e comprovar a autenticidade da troca. Isso permite que partes anônimas interessadas façam transações diretamente sem a necessidade de um intermediário confiável.
Como funciona a blockchain
Um dos grandes fatores de atratividade das criptomoedas é seu caráter independente de intermediários. Ou seja, os usuários não ficam sujeitos ao pagamento duplicado de taxas e tarifas atreladas à remuneração dos serviços oferecidos por instituições financeiras. Isso é possível, com segurança, pelo fato de existir um sistema próprio, a blockchain.
Traduzida como “cadeia de blocos”, a blockchain afastou a possibilidade de clonagem de moedas digitais. Ela é responsável pela proteção das transações, registrando e validando as transações, bem como permitindo a extração de novas moedas através da resolução de problemas matemáticos por computadores interligados à rede (mineração), protegendo contra o gasto duplo e tornando as transações anônimas.
A rede é compartilhada e de confiança por todos os usuários, com os registros de transações em ordem cronológica. Vale lembrar que as chaves cadastradas na cadeia não são vinculadas à identidade de qualquer pessoa, embora haja meios de colher identidades através de técnicas de agrupamento ou outras estratégias semelhantes.
As instituições financeiras tradicionais têm se movimentado no sentido de modernizar seus processos por meio da blockchain. Além das vantagens já citadas, outro benefício advindo com a cadeia de blocos é a possibilidade de uso com contratos inteligentes, os smart contracts. Por meio digital, escritos em código de programação, esses documentos possuem as mesmas funções de um papel tradicional impresso. Eles são utilizados para definir as regras e cláusulas acordadas, determinando obrigações, benefícios e penalidades que podem ser reivindicadas. Os smart contracts são ferramentas úteis para que pessoas desconhecidas possam fazer negócios, geralmente através da internet, sem a necessidade de um intermediário central.
Em breve, a Suécia deve criar a primeira moeda digital de banco central
A Suécia, pioneira na criação de um banco central, sai na frente novamente e deve revolucionar o sistema digital. O banco central sueco (Riksbank), deve ser o primeiro a lançar moeda digital no mundo, a e-krona. O anúncio foi feito em 2017, sendo que os testes começaram em fevereiro de 2020 e o lançamento deve ser efetivado no início de 2022. O projeto-piloto é considerado o mais avançado entre as principais economias ocidentais.
A iniciativa demonstra que essas moedas trazem reflexos para o sistema financeiro mundial e as ferramentas que surgem em decorrência de sua criação também deverão ser adaptadas às demandas da sociedade.
No Brasil, o Banco Central já anunciou que poderá emitir uma moeda digital como uma extensão da moeda física. A expectativa é que seja lançada já em 2022. Entretanto, ela deverá ser diferente das criptomoedas, sendo que ela será garantida pelo BC e a instituição financeira. Já a distribuição será intermediada por custodiantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
O primeiro contato com o universo das criptomoedas pode parecer complexo, mas essa impressão é afastada ao aprofundar e desmistificar muito do que é propagado de forma superficial. Certamente, esse sistema é algo que veio para ficar. Agora que você já entendeu parte da dinâmica das criptomoedas, vale a pena destinar um percentual do seu patrimônio para as criptos, já que isso irá agregar valor ao longo do tempo. Se ainda estiver com dúvidas sobre qual estratégia seguir, conte com o auxílio da Aurum nessa jornada.