Que o desempenho produtivo e econômico da China tem impactos globais, todo mundo sabe. Mas, nos últimos meses, essa realidade tem se tornado cada vez mais presente, causando alvoroço entre os estudiosos de finanças e mercado.
Isso porque, ao contrário do que se via, os temores agora são relacionados à desaceleração da China, que vem de uma crescente nas últimas décadas. Alguns fatores que desencadeiam esse novo cenário são a escassez de energia elétrica e a crise imobiliária que assolam o país.
Recentemente, o caso da Evergrande tomou os noticiários. A gigante chinesa tem uma dívida de € 260 bilhões - um calote da empresa seria significativo. Ainda mais porque o setor imobiliário representa aproximadamente 30% do PIB da China.
À medida que a economia da China amadurece, com aumento da renda per capita, o setor imobiliário desacelera. Na contramão, a especulação imobiliária tem gerado empregos e arrecadação de receitas nos últimos anos.
Desaceleração chinesa
O governo chines, diante da crise, tem tido um comportamento um pouco prejudicial aos negócios orientais. Visando reduzir a dívida e afastar especulações no setor imobiliário, ele tem desacelerado os investimentos e oferecido condições de empréstimos bancários um pouco menos vantajosas. Se continuar assim, a próxima década deve ser de um crescimento tímido, de apenas 3,5%, metade do percebido na década que se encerra em 2021.
Além disso, tem-se uma questão social: a população chinesa está envelhecendo. Um país famoso por sua grande quantidade de mão de obra vê a população economicamente ativa à beira da velhice, sem taxas de natalidade que compensem essas aposentadorias.
Em outubro de 2021, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou suas projeções para o país. O Fundo revisou para baixo as projeções de expansão da China, passando para 8%, número 0,1% menor que a projeção anterior.
Os impactos da desaceleração
O crescimento vertiginoso da China era apoiado por altos níveis de investimentos, exportações de produtos baratos para todo o mundo e outros fatores que não poderiam durar para sempre.
Enquanto a potência se vê em uma situação complicada, em que não há previsão de outro setor que preencha a eventual lacuna deixada pelo imobiliário, o mundo assiste a segunda maior potência global desacelerar seu crescimento. Isso reflete em abastecimento e mercado, com impacto em diversas nações.
Por hora, as incertezas em relação aos rumos que Pequim irá tomar para contornar a situação já se mostram um problema generalizado. Não há, ao certo, um norte a ser tomado, apenas hipóteses de economistas por todo o mundo.
Alguns países, que hoje são altamente dependentes da China, podem se destacar nos próximos anos. Alguns exemplos são Indonésia, Vietnã, Tailândia e a Índia.
Além de grande produtora e exportadora, sendo grande responsável pelo abastecimento mundial, a China é uma grande importadora. Ela está atrás apenas dos Estados Unidos quando o assunto é importação de produtos e serviços comerciais.
Pensando localmente, a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, com foco nas empresas de commodities. Isso significa que a desaceleração do outro lado do mundo irá impactar negativamente companhias brasileiras. Outros grandes exportadores nacionais são os setores de proteína animal e metalurgia.
Mesmo com o favorecimento do câmbio, já que o dólar segue alto frente ao real, a baixa demanda seria prejudicial às corporações brasileiras, seguindo o princípio básico da economia. Nesse sentido, surge mais um segmento que poderia ser prejudicado: o de logística.