Há vários anos o mundo econômico tem se organizado em blocos, que trazem maior robustez, segurança e força aos países. Na América do Sul, o Mercosul se destaca, já que é a mais abrangente iniciativa de integração regional da América Latina. O nome significa Mercado Comum do Sul e reúne o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e outros Estados Associados e observadores para, em longo prazo, criar um modelo de integração profunda, com os objetivos centrais de conformação de um mercado comum. Entre as principais vantagens e objetivos comuns estão a livre circulação interna de bens, serviços e fatores produtivos, o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC) no comércio com terceiros países e a adoção de uma política comercial comum.
O bloco sulamericano fechou o maior acordo entre blocos do mundo, com a União Europeia. O acordo foi firmado em 2019 e a proposta era eliminar tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comercializados. Para os demais produtos, a ideia é que haja cotas preferenciais de importação com tarifas reduzidas. Juntos, os blocos representam cerca de 25% da economia mundial e um mercado de 780 milhões de pessoas. O processo de eliminação de tarifas varia de acordo com cada produto e deve levar até 15 anos contados a partir da entrada em vigor da parceria intercontinental.
As negociações se estenderam por quase 20 anos para que o acordo fosse firmado em 2019. Mesmo fechado, a aliança ainda não está efetivamente em vigor, pois o texto está em fase de validação. O presidente da França, Emmanuel Macron, já se posicionou contrário à parceria. Segundo ele, a motivação está ligada às questões ambientais. Ele apontou que o acordo não é compatível com a agenda climática e de biodiversidade europeia. A Alemanha também já se manifestou no mesmo sentido, apontando o aumento de incêndios na Amazônia brasileira.
Como isso impacta os países?
As parcerias entre blocos proporcionam trocas comerciais facilitadas entre os países participantes do acordo com redução de taxas e alíquotas comerciais. Isso é regulamentado entre as partes durante a assinatura do acordo. A expectativa é que, quando em funcionamento, o Brasil perceba vantagens significativas.
A estimativa do Ministério da Economia é de que o acordo representará um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo alcançar até US$ 125 bilhões se forem considerados a redução das barreiras não tarifárias e o incremento esperado na produtividade. Da mesma forma, deve haver aumento de investimentos no Brasil. Em 15 anos, deverá ser da ordem de US$ 113 bilhões. Com relação ao comércio bilateral, as exportações brasileiras para a União Europeia apresentarão quase US$ 100 bilhões de ganhos até 2035.
Além de facilitar a comercialização entre países dos dois blocos, o acordo deve ter reflexos ainda mais amplos. Isso porque, por se tratar de blocos exigentes do ponto de vista sanitário e fitossanitário. Desta forma, espera-se que as negociações sejam facilitadas. O acordo também legitima o livre comércio e o multilateralismo.